A localização é dada por coordenadas geográficas, a altitude é de mais de 2mil metros, o contato é por telefone via satélite, a temperatura em torno de -12 graus celsius – sem considerar a ação do vento, o abrigo são barracas. Esses são alguns dos aspectos que permearão a rotina de 12 pesquisadores brasileiros nos próximos 40 dias na Antártida.
Eles integram a maior expedição brasileira no interior do continente antártico. A missão se iniciou na última semana (07/12) com a chegada dos primeiros pesquisadores. “Estamos há dois dias nessa geleira. A localização é 78o30” Sul e 97o30” Oeste. O acampamento base está a 80o ao sul”, descreveu o líder da expedição, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jefferson Cardia Simões, em uma ligação via satélite direto da geleira da Ilha Pine.
Foram três tentativas de contato até a reportagem do MCTI conseguir conversar por poucos minutos com o cientista polar. Simões relatou na quinta-feira (08) estar otimista com o trabalho, pois nos primeiros dias o clima na Antártica estava colaborando. “O vento está ameno e há pouca nebulosidade. Estamos perfurando gelo a 150 metros de profundidade”, contou sobre as atividades em curso. Uma atualização recebida na tarde desta segunda-feira (12) relata que uma nevasca atinge a região há três noites.
Segundo Simões, essa geleira tem mostrado rápidas mudanças nas últimas duas décadas. O gelo coletado nessa área é utilizado para reconstruir a história de uma das geleiras antárticas que pode contribuir de maneira abrupta para o aumento do nível do mar global.
Os pesquisadores brasileiros estão divididos em três grupos e acampados em locais diferentes: Ilha Pine, módulo Criosfera 1 e módulo Criosfera 2. São quase 700km de distância entre eles. Serão usados tratores polares e aviões com esquis para locomoção em uma área equivalente a região sul do Brasil.
Um dos grupos fará a manutenção daquele que é o laboratório latino-americano mais ao sul do Planeta, o Criosfera 1, localizado a 2,5mil km ao sul da Estação Antártica Comandante Ferraz.
Criosfera 2
Um terceiro grupo vai se dedicar à instalação do Criosfera 2. Nesta segunda-feira (12/12) o novo módulo e toda a carga que o acompanha deverá deixou o aeroporto Punta Arenas, no extremo sul do Chile, em um avião cargueiro Ilyushin Il-76TD. Um modelo apto a pousar sobre o gelo no interior da Antártida.
O Criosfera 2 é laboratório totalmente automatizado que ampliará a coleta dados ambientais – como informações meteorológicas e sobre a química atmosférica. Foi construído com tecnologia brasileira para coletara dados do clima e da concentração de dióxido de carbono (o CO2, principal gás de efeito estufa) ao longo de todo ano.
O módulo vai permitir expandir em 1 milhão de km2 a área de atuação do Proantar. Novas áreas passarão a ter monitoramento dos gases de estufa na Antártica e seus dados meteorológicos são bases importantes para a calibração de modelos sobre o balanço radiativo na Antártida. O novo módulo será instalado em área geográfica com forte sinal ambiental dos processos relacionados ao fenômeno El Niño/La Niña e o SAM (Modo Anular do Hemisfério Sul), entre outros.
A equipe do professor Francisco Aquino, gestor do Criosfera 2, dedicou os últimos dias para os preparativos finais e detalhes para o embarque do módulo. “Tão logo estejamos na Antártica, iniciaremos deslocamento com trator para o local de instalação do Criosfera 2 –Skytrain Ice Rise”, escreveu o professor.
A expedição conta com a participação de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). As atividades integram o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e a 41ª Operantar, que é coordenada pela Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM).
A operação logística, que envolve o transporte e a instalação na Antártica e também a manutenção do módulo Criosfera 1, custará R$ 3,5 milhões. O valor é custeado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).
As informações são do MCTI
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