Brasília – A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) coincide com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e igualmente projeta um superávit recorde histórico de US$ 93 bilhões para a balança comercial brasileira.
Mas a entidade diverge dos órgãos oficiais e classifica esse megassaldo como “negativo”, pois “está sendo obtido não com a geração de emprego pela atividade econômica, mas, sim, pela queda nas importações e um leve aumento de menos de 1% nas exportações”, conforme declarações do presidente da AEB, José Augusto de Castro.
Ao comentar os números divulgados ontem (2) pela Secex/MDIC, José Augusto de Castro afirmou que “os números oficiais são coerentes com aqueles que divulgamos na AEB e o superávit projetado pelo governo é exatamente o mesmo previsto pela Associação: US$ 93 bilhões”.
Uma pequena diferença entre os números da Secex e da AEB reside no fato de que enquanto o governo prevê exportações de US$ 334 bilhões e importações de US$ 241 bilhões e, consequentemente, um saldo positivo de US$ 93 bilhões, a AEB estima exportações no montante de US$ 336 bilhões e importações no total de US$ 243 bilhões.
De acordo com o presidente da AEB, “esse superávit recorde da série histórica iniciada em 1997 está sendo obtido em grande parte pela queda nas importações. Esse é o principal fator que está fazendo com que o superávit seja recorde, porque à medida em que aumenta a queda nas importações, automaticamente aumenta-se o superávit comercial e é exatamente o que está acontecendo hoje”.
O executivo da AEB lembra que em julho a Associação divulgou a revisão da balança comercial de 2023 com a estimativa de um saldo positivo de US$ 86 bilhões. Com a desaceleração das importações, a Associação aumentou para US$ 93 bilhões sua expectativa de superávit comercial.
José Augusto de Castro sublinha que o que sustenta o superávit recorde é o volume dos bens embarcados. Num cenário internacional marcado pela queda nos preços das principais commodities exportadas pelo Brasil, o aumento do volume exportado é decisivo para o grande saldo acumulado pelo Brasil em seu comércio exterior.
O presidente da AEB reforça o raciocínio lembrando que “os preços da soja, milho, minério de ferro e petróleo, que representam hoje mais de 40% das exportações totais brasileiras, estão em queda nos mercados internacionais, mas, em contrapartida, o volume exportado desses quatro produtos tem crescido de forma consistente e por isso a queda nos preços é compensada pelo aumento do volume exportado. Se não fosse pelo volume embarcado, nós estaríamos tendo também uma queda dos valores das exportações”, concluiu.
As informações são do portal Comex do Brasil.