Deflagrada em fevereiro deste ano e ainda em curso, a Guerra Rússia-Ucrânia tem mostrado como a autonomia em diversos sentidos é estratégica e de extrema importância para as nações. As ações têm transcendido os confrontos no campo de batalha e trazido impactos em diversas frentes.
Um exemplo flagrante dessa inter-relação é a situação do mercado energético global, com as retaliações e restrições impostas nesse campo e a dura realidade da dependência global dos recursos disponíveis.
Na área de tecnologia, o domínio e a autonomia devem ser buscados permanentemente. Por séculos, a história do Brasil foi marcada pela dependência avassaladora de bens e tecnologias importadas. Esse caminho de autonomia tem sido percorrido lentamente desde o processo de independência e, ao longo dos últimos 200 anos, diversos foram os esforços para avanços nesse sentido.
Conquista gradual
Contudo, nos últimos anos, esse caminho tem ganhado destaque. Nas compras internacionais de tecnologia de ponta, por exemplo, o domínio tecnológico pelas organizações militares ou pelas empresas da indústria de Defesa têm sido constantes e vêm capacitando técnicos brasileiros, por meio de programas de transferência de tecnologia incluídas nos contratos, ou pela inclusão da indústria nacional em fornecimentos de partes na cadeia global. Tais ações possibilitam a manutenção, a evolução e o desenvolvimento de novos sistemas em substituição àqueles que terminam o seu ciclo de vida útil aqui no Brasil e a exportação, ainda que pequena, porém estratégica, de produtos de alto valor agregado.
A Fundação Ezute se orgulha em ter nascido com esse propósito: assegurar a soberania do Brasil por meio do domínio de tecnologias complexas, através do desenvolvimento nacional em complemento com a absorção de tecnologia e conhecimento. Criada em 1997, a organização foi designada pelo Governo Federal para ser a instituição integradora do projeto SIVAM/SIPAM (Sistema de Vigilância da Amazônia/Sistema de Proteção da Amazônia) e a responsável por garantir a autonomia tecnológica brasileira na inteligência do sistema. A participação de técnicos brasileiros na especificação, projeto, desenvolvimento e implantação desse modelo estratégico adotado foi um marco para o país.
Também em 1997 a Fundação participou em um outro grande desafio, desta vez em parceria com a FAB (Força Aérea Brasileira). Tendo em seu corpo técnico profissionais que participaram no programa de absorção de tecnologia em sistemas de controle de tráfego aéreo, possibilitou ao Brasil, em pouco tempo, o domínio de todo o ciclo do conhecimento da solução – abrangendo desde o desenvolvimento de solução totalmente nacional até a modernização de sistemas complexos para o controle e a defesa do espaço aéreo brasileiro.
Parceria com as Forças Armadas
Toda essa expertise conquistada na área da Defesa e a formação de uma equipe qualificada permitiu a atuação em outras frentes visando sempre o domínio da tecnologia e a possibilidade de busca por soluções e tecnologias nacionais para as Forças Armadas.
Com o Exército Brasileiro, o destaque é o SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), cujos estudos preliminares tiveram a colaboração da Fundação Ezute. Por meio de sensoriamento, o sistema dá suporte às tomadas de decisões, atuando de forma integrada com a missão de fortalecer a presença e a capacidade de monitoramento e de ação do Estado na faixa de fronteira terrestre.
A parceria com a Marinha do Brasil é demonstrada pela concepção do SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul); pela gestão complementar e engenharia de sistemas do MANSUP (Projeto de Míssil Antinavio); e pela participação no programa de absorção de tecnologia do sistema de combate de submarinos do PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos).
No SisGAAz, sistema de defesa cuja missão é monitorar, de forma integrada, as Águas Jurisdicionais Brasileiras e as áreas internacionais de responsabilidade para operações de Socorro e Salvamento, a Ezute apoiou a MB na fase de concepção do projeto, com a definição de missões, capacidades e desempenhos a serem obtidos, viabilizando a implantação modular desse grande sistema.
Projeto complexo e multidisciplinar, o MAN¬SUP reúne algumas empresas da área de defesa. A Fundação integra o programa desde 2010 ao lado das empresas contratadas para desenvolver a tecnologia do míssil inteligente, projetado para realizar voos do tipo “sea skimming”. No dia 20 de setembro, o projeto avançou mais um degrau, quando a Marinha lançou em Cabo Frio (RJ), pela quarta vez, o armamento, iniciativa que marca o início da fase de qualificação do produto. A Ezute, responsável por serviços especializados de Gerenciamento Complementar e Consultoria Técnica em apoio à MB, acompanhou os testes realizados com sua equipe embarcada.
Já no PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), a Fundação atuou inicialmente com foco na absorção de tecnologia e conhecimento referentes ao Sistema de Combate dos submarinos convencionais do programa, tendo sido selecionada para receber treinamentos e realizar desenvolvimentos conjuntos com a empresa fornecedora. Atualmente, atua como parceiro local da empresa fornecedora no processo de integração e validação do Sistema de Combate em plataformas instaladas na estrutura da Base de Submarinos da Ilha da Madeira, da MB.
Com a FAB, além do SIVAM/SIPAM, destaca¬-se o SISDABRA (Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro), que reúne questões de defesa aeroespacial em um único grande sistema, tendo, mais recentemente atuado na especificação da nova geração do sistema de defesa aérea.
25 anos
Em 2022, a Fundação Ezute completa 25 anos de atuação e contribuição com o desenvolvimento econômico, a soberania e autonomia tecnológica do Brasil. Para o presidente da entidade, Delfim Ossamu Miyamaru, é uma satisfação acompanhar de perto essa evolução nos últimos anos. “É gratificante ver o nosso país avançar em sua autonomia e ganhar pioneirismo no mundo e, para nós, da Fundação, é um orgulho ser parceiro das instituições e poder contribuir”, diz o líder setorial, ao ressaltar ainda a capacidade da engenharia nacional, onde o Brasil, é um celeiro de diversas empresas “startups” com a sua capacidade de criar o “novo”.
Mostra BID Brasil
A Fundação Ezute marcou presença na 7a. edição da Mostra Bid Brasil. “O evento é um retrato da força da indústria de defesa do Brasil, que mesmo diante das dificuldades orçamentárias, tem perseverado para aplicar toda a capacidade da engenharia brasileira em benefício da segurança e soberania nacional. Com um histórico de 25 anos de atuação, a Fundação Ezute, sente orgulho de participar do evento que se consolida como estratégico para a defesa nacional”, afirma Miyamaru.
* Esta reportagem faz parte do informe ABIMDE (Dez/22)
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