Durante a visita, o professor Oppenheimer conheceu o prédio do Instituto, em obras na época, para a instalação de laboratórios e construção do segundo bloco, oportunidade em que destacou que a ciência e a tecnologia são “do ponto de vista militar, a maior arma de uma nação, o seu maior poder. Daí cabe à Marinha empregar parte de seus recursos nesse setor. Do ponto de vista civil, os subprodutos das atividades científicas e tecnológicas da Marinha – pessoal especializado, tecnologias, conhecimentos científicos, processos, materiais, educação, etc – são outros tantos fatores fecundos do progresso nacional pelos benefícios que trazem à indústria, ao comércio, às universidades, à comunidade em geral”.
Proeminente físico Oppenheimer responde perguntas de Oficiais da MB após palestra no IPqM
Ele também afirmou que o Brasil do futuro iria se basear no preparo técnico e científico de seu pessoal e na “qualidade tecnológica da indústria nacional, na estabilidade da economia interna, no adiantamento de seus laboratórios, institutos e universidades, na seriedade de sua pesquisa pura e aplicada”. Além disso, elogiou o investimento da Marinha no IPqM. “Parece-me que o passo que os senhores deram aqui, para imergir no coração da situação tecnológica, foi muito acertado. Os porá em contato com as indústrias deste País, com as indústrias estrangeiras; os porá em contato com os cientistas e as universidades; e os porá em contato com os problemas militares e com seus problemas civis complementares”, ressaltou.
IPqM
Em 26 de abril de 1984, foi criado o Instituto Nacional de Estudos do Mar (INEM), atual Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), que assumiu a responsabilidade de conduzir os trabalhos relativos à biologia marinha (Projeto Cabo Frio), até então desenvolvidos no IPqM. A partir dessa época, o IPqM passou a priorizar esforços em projetos atinentes a material de emprego militar, com possibilidade de emprego dual.
Atualmente, subordinado à Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM) e ao Centro Tecnológico da Marinha no Rio de Janeiro (CTMRJ), o IPqM trabalha, em parceria com universidades, empresas e centros de pesquisas civis e militares, nas atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico nas áreas de: Armamento, Guerra Eletrônica, Acústica Submarina, Controle e Monitoração, Materiais e Navegação Inercial.
Tendo como lema “Nossa meta é desenvolver tecnologias necessárias à Marinha”, o IPqM continua desenvolvendo material de defesa e contribuindo, também, para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do Brasil.
Certamente, as palavras de Oppenheimer serviram de incentivo à Alta Administração Naval quanto aos investimentos em Ciência e Tecnologia, que hoje se mostram profícuos. Atualmente, a Marinha do Brasil encabeça vários projetos que envolvem o desenvolvimento e uso intensivo de conhecimento científico, sobretudo em seus Programas Estratégicos, como o Programa Nuclear da Marinha, que inclui tecnologias sensíveis para a fabricação do primeiro submarino brasileiro convencionalmente armado com propulsão nuclear.
Programa Nuclear da Marinha
O Programa Nuclear da Marinha (PNM), que vem sendo executado desde 1979, tem o propósito de dominar o ciclo do combustível nuclear e desenvolver e construir uma planta nuclear de geração de energia elétrica. Atualmente, possui dois projetos, que são o Ciclo do Combustível Nuclear e o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica.
O Ciclo do Combustível Nuclear tem o objetivo de dominar a tecnologia de produção de combustível nuclear; e o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE) visa ao desenvolvimento de capacitação tecnológica no projeto, construção, comissionamento, operação e manutenção de reatores nucleares do tipo PWR (Pressurized Water Reactor). Nele é desenvolvido o Protótipo de reator para o primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear.
LABGENE abriga, em terra, protótipo da planta nucelar que equipará o primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear
Programa de Submarinos da MB
O Programa de Submarinos (PROSUB), da Marinha, também representa um significativo avanço tecnológico para o País, pautado em capital intelectual, engenharia sensível e tecnologia de ponta. Além de incentivar a política de defesa, impulsiona a capacitação de pessoal e a soberania nacional. Foi criado em 2008, por meio da parceria estabelecida entre o Brasil e a França, com o objetivo de produzir quatro submarinos convencionais e de fabricar o primeiro submarino brasileiro convencionalmente armado com propulsão nuclear.
Submarino “Riachuelo” sendo incorporado à Esquadra brasileira, no Complexo Naval de Itaguaí, em 2022. Ele foi a primeira embarcação concebida no âmbito do PROSUB – Foto: SG Cássio
Além dos submarinos, o PROSUB contempla a construção de um complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação dos submarinos, que engloba os Estaleiros, a Base Naval e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), em Itaguaí (RJ).
Para o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, o PROSUB tornou-se um dos maiores programas de capacitação industrial e tecnológica já observada pelo setor da indústria de defesa brasileira. “A nacionalização prevista para os submarinos engloba centenas de projetos objetivando a transferência de tecnologia e know-how para capacitação de empresas nacionais. O desenvolvimento autóctone dessa tecnologia ascende o Brasil à posição de destaque nos mais importantes fóruns internacionais de Defesa”, explicou o Almirante Olsen.
As informações são da Agência Marinha de Notícias.